terça-feira, 19 de abril de 2011



Rebento
Gosto muito de fumar a poesia. As vezes me encanto ao degustar uma tragada profunda enchendo os pulmões de lirismo e posteriormente soltar no ar pela boca um universo em brasa sucumbindo em versos e letras de musica.
É muito bom sentar em uma cadeira de escritório, mirar as arvores na rua e perceber que na solidão reside a arte e sua incomparável nudez. A vejo ali, recostada no âmago do poeta seduzindo-o em silêncio à entrega desmedida de um momento em que os dois, ele e a inspiração, devotos do universo, se revelarão de relance ao se atirar em rodopios rumo ao infinito.
E neste imenso mar uterino descortinando a paisagem os dois amantes do universo bailarão por entre os astros e sentirão por seus corpos o ar da integração divina em que surgem as flores.
E por um instante neste jardim constelar repleto de cometas, luas, nebulosas, o poeta como um rebento se lançará eternamente na construção efêmera e única de sua poesia.

Helder/10

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